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As (suas!) instruções…

Alguma vez teve um daqueles momentos em que olhou para o/a seu/sua filho/a, e se perguntou: – O que estou a fazer? Seguida desta pergunta, vem a dúvida: - Estarei a fazer bem? E de imediato surge a questão: – Porque é que não vens com um Manual de Instruções?

Educar uma criança e ajudá-la a crescer e a desenvolver-se de forma adequada e saudável não é uma tarefa fácil, e não se trata de um processo que decorre da mesma maneira em todas as crianças. Cada processo é único, até porque cada criança também o é.

Por vezes, pode ser uma tarefa difícil decifrá-las, processar e compreender o que pedem e o que não pedem e dar-lhes o que precisam. Ao longo do seu crescimento e desenvolvimento, não existe um Manual de Instruções. Mas se houvesse, ajudaria de facto?

Sabemos que os erros ocorrem, e se pensarmos bem, mesmo bem, de cada erro podem resultar importantes aprendizagens.

Isto não pretende dizer que a educação se faz apenas de erros, nem se pretende de todo desvalorizar a importância de um processo de desenvolvimento e de educação adequados.

A verdade é que não existem pais que não cometem erros. Talvez possa parecer que estes existem dada a comparação que muitos pais estabelecem entre si, o que leva a que alguns pensem que cometem demasiados erros ou que, de facto, necessitam de um Manual de Instruções.

Para além da comparação que se estabelece entre pais, surge ainda uma outra questão, a questão das expectativas. As mães e os pais colocam- se em causa não só relativamente ao que sentem e experienciam ou que esperavam sentir e experienciar, mas também enquanto pais, seja pela sua própria vivência e as suas competências parentais, seja pela partilha de experiências de outros pais.

A pressão que existe para que os pais não cometam erros, para desempenharem e viverem as suas funções parentais da forma “esperada” e para que as crianças sejam exemplares, constitui-se um enorme desafio no exercício da parentalidade, de tal modo que contribui para que os pais se esqueçam de algumas instruções realmente importantes.

Essas instruções são sobretudo reconhecer o erro, aprender com os erros que se vão cometendo ao longo do caminho, ajustar a sua intervenção a cada momento e em cada circunstância e reflectir sobre as necessidades dos seus filhos. Também é filho, ou já o foi, cuide de si, das suas emoções e das suas necessidades.

Mas ainda assim, sente que precisa de um manual com mais instruções? Então porque não construir o seu próprio manual baseando-se no que observa, sente, experiencia e conhece com e sobre o seu filho?

Observe, preste atenção, registe da forma que lhe for mais conveniente, aprenda com o(s) seu(s) filho(s). Construa o seu manual, lembre-se que este não está fechado após um registo, mantém-se aberto, é mutável e flexível, podendo sempre adaptá-lo e acrescentar-lhe novas instruções. Ao fazê-lo estará a aprender e também a ensinar algo valioso ao seu filho.

Fica o desafio!

E lembre-se, talvez da mais importante instrução: esteja realmente disponível e presente.

Até breve,

Catarina Martins

Psicóloga Clínica do Projecto Psicóloga dos Miúdos

Fonte imagem: http://www.thefyi.org/kids-came-instruction-manual-comic/

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