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Não é possível conversar com adolescentes?

No passado dia 22 de Maio, a convite da fantástica Sónia, para quem conhece, a famosa mãe Banana, da Associação Banana Salgada, estive com um grupo de adolescentes para conversarmos, sobre a vida, sobre o que sentem, sobre a educação, sobre pais, sobre filhos, sobre direitos e deveres.

Não os conhecia, nem eles a mim, pelo menos a grande maioria e durante duas horas demos a oportunidade uns aos outros de nos escutarmos, aceitarmos e construírmos novas ideias.

Para mim foi uma experiência tão boa, até porque nos últimos tempos não tem sido possível estar com adolescentes em grupo e é sempre tão poderoso e rico, já tinha saudades.

Falámos, fomos honestos, respeitámos os tempos e as características de cada um, com genuinidade, calma e aceitação das diferenças, do que os une e o que os afasta. Acolheram-me de uma forma incrível, crescida e tão quentinha.

Disponíveis para tomar o lugar dos pais, os temas iam sendo lançados por mim, e eles debatiam em pequenos grupos e depois em grande grupo, sendo filhos numas vezes e trocando para o papel de pais noutras vezes. Até um teatro de improviso aceitaram fazer, recreando uma situação familiar, assumindo papéis, tentando criar soluções e encontrar a harmonia.

Fica a confirmação de que é possível conversar com adolescentes, sim, sobre coisas sérias, brincando também, escutando-os e estando em atitude de curiosidade e aceitação, sempre.

Fica mais uma vez a experiência de que é essencial darmos para recebermos, especialmente quando se trata de partilharmos as nossas emoções e fragilidades e sim, todos precisamos de sentir que é normal pensar, sentir, ter medos, vergonhas, preocupações, ansiedades e terá mesmo de partir de nós adultos essa partilha, para os ajudar a serem eles a enfrentarem o que sentem, temem e a partir daí haver mudança.

E que engraçado chegarmos ao fim e a grande maioria concluir que é mais fácil para eles tomarem e perceberem o lugar dos pais do que o deles e a partilha de que ficam com muita vontade de poder fazer um encontro destes mas com os pais também a participarem.

No final, a construção de um painel de desejos, desabafos, ideias, para que o nosso encontro tivesse um registo, que não destruísse a privacidade e intimidade do que falámos, mas que os fizesse recordar.

Um enorme abraço de gratidão a cada um destes adolescentes que me deu o privilégio de conversarmos e partilharmos e um agradecimento especial à Sónia, por querer proporcionar a experiência aos adolescentes de estarem com uma psicóloga e perceberem que somos de carne e osso, que sorrimos, falamos normalmente, não precisamos de usar termos técnicos e indecifráveis e que é possível conversarmos para resolvermos problemas e encontrarmos soluções, ou pelo menos, caminhos possíveis.

Partilho o site do Banana Salgada para quem não conhece. Vale mesmo a pena! http://bananasalgada.pt/

Ficou a certeza de que voltaremos a estar juntos e a construir felicidade!

Um abraço a todos.

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